Brevemente, na posição depressiva, descrita por Melanie Klein, tratamos de um ego extremamente organizado. Os objetos de amor não são favorecedores à gratificação, estão indisponíveis para o ego. Isto gera uma ansiedade extrema. E então ergue-se uma defesa maníaca, para não permitir o contato com objetos de amor, que ele já espera serem frustradores. E evita-se o contado com a dependência dos objetos, não se assume precisar deles, pois precisar é, de certa forma, depender. E depender é perder o controle sobre o outro. E não poder controlar é não poder garantir que o outro será gratificador, possibilitando a frustração. Se esta defesa é muito radical, extrema, torna-se patológica. O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um exemplo de defesa maníaca.
Os indivíduos em posição depressiva têm problemas na expressão do afeto. Então há uma depreciação dos objetos de amor (“Quem desdenha, quer comprar”). Assim, o indivíduo se mantém no controle das situações e não reconhece sua dependência de algo ou alguém. Um mecanismo de defesa presente na posição depressiva é a sublimação. A energia pulsional canalizada para outra direção. A fim de satisfazer seus desejos de uma outra forma, já que a original não lhe é possível.
Os indivíduos em posição depressiva têm problemas na expressão do afeto. Então há uma depreciação dos objetos de amor (“Quem desdenha, quer comprar”). Assim, o indivíduo se mantém no controle das situações e não reconhece sua dependência de algo ou alguém. Um mecanismo de defesa presente na posição depressiva é a sublimação. A energia pulsional canalizada para outra direção. A fim de satisfazer seus desejos de uma outra forma, já que a original não lhe é possível.
Melvin é um escritor muito bem-sucedido, adorado pelas mulheres pela forma como escreve sobre o universo feminino. Mas seu comportamento social é estranho. Seus vizinhos procuram evitá-lo. Melvin é um obsessivo, que tem rituais para fechar a porta, lavar as mãos, andar nas ruas, pisar no chão, só frequenta um único restaurante, para onde vai carregando os seus próprios talheres de plástico e onde exige ser sempre atendido pela mesma garçonete, Carol.
Esta enfrenta uma série de problemas por ser mãe solteira e ter que se desdobrar entre o trabalho e a casa, a fim de cuidar do filho, que sofre de asma. Um dia, Carol falta ao trabalho no restaurante, porque seu filho adoece. Tal fato causa um grande desconforto a Melvin, modifica a dinâmica a que ele está acostumado, onde tem o controle da situação e ele termina contratando os serviços de um pediatra para cuidar do garoto, para que Carol possa voltar pro trabalho.
Quando Simon, seu vizinho, é atacado e roubado por um grupo de ladrões, Melvin é coagido a cuidar de Verdell, o cachorro. Aos poucos, Melvin vai se afeiçoando ao animal e descobrindo-se dono de sentimentos que julgava não possuir. Quando Simon recebe alta do hospital, ele concorda em levá-lo de carro para falar com seus pais e exige que Carol vá junto. Durante a viagem, todos conversam e descobrem algo sobre o outro.
Notamos que não há relato, na história de Melvin, de uma mãe que o tenha feito experimentar o jogo do carretel*, sem ficar tão ansioso, a ponto de querer experimentar de novo. Até aí, Melvin se mostra o TOC personificado. Mas, na viagem, se percebe tão envolvido por Carol que começa a vencer suas defesas maníacas. Dono de uma estrutura psíquica desacostumada a usar palavras delicadas, ele constantemente fere os outros falando alguma bobagem. E depois desta viagem, começa a exercitar o pensamento antes da fala. O julgamento daquilo que vai dizer, antes de dizer. Seu problema com o contato era tão intenso que ele jogava o próprio sabonete, usado uma única vez, no lixo.
Carol, o cachorro e até o próprio Simon, seu vizinho, são importantes no processo de reconhecimento/admissão do contato com os objetos de amor. Ele vai se libertando de sua patologia. Esquece de trancar a porta, pisa nas listras do chão. A patologia vai diminuindo, à medida que o contato dele com os objetos de afeto vai aumentando. E, de repente, vê que não é possível controlar tanto as situações como ele gostaria, se percebe envolvido pelo afeto.
*Jogo do carretel é uma expressão usada para representar a brincadeira de sumir e aparecer que os adultos costumam fazer com bebês. Deve-se considerar um sentido mais amplo ao termo. Não só o "Cadê a mamãe? Achou!", mas também a ida e volta do trabalho, por exemplo.
Marina Feitosa
Gostei mto do texto, e foi bacana usar o mote do filme "Melhor impossível". Gostaria apenas de saber melhor sobre o processo de modificação da "posição depressiva" e como o sujeito articula em termos de estrutura psíquica os afetos de modo a ter uma "melhora" no estado patológico.
ResponderExcluirParabéns mais uma vez meu anjo^^
Bjs.
Que bom que gostou, obrigada! :)
ResponderExcluirBom, primeira consideração é que tratamos de um ego extremamente organizado. E sua característica marcante é a ansiedade. Diferente da posição esquizo-paranóide, que cria delírios gratificadores já que em seu ambiente eles não existem, a posição depressiva traz a espera ansiosa pelo momento da gratificação (porque seus objetos gratificadores existem em seu mundo, só tardam a chegar). Pela organização do ego, é comum a existência de TOCs de limpeza, rituais de girar a chave X vezes na porta, organizar roupas por cor e coisas do tipo. Porque o ego necessita manter tudo sob seu controle.
No caso de Melvin, havia problemas com contato. Contato com o outro. Isso não é regra. E o que gera a ansiedade depressiva no sujeito é a necessidade da gratificação que tarda ou não tem hora certa pra chegar. Não necessariamente os mesmos objetos de Melvin, só para esclarecer.
No filme, o TOC vai desaparecendo porque determinados rituais vão perdendo seu sentido. Não é algo que ele deixe de fazer porque quer ou percebe, simplesmente acontece ao longo do tempo. E acontece porque ele não precisa mais evitar o contato com o objeto. E ele não precisa evitar o contato com o objeto porque este passa a lhe proporcionar gratificação. Entende? A gratificação chega, a ansiedade diminui.
Os rituais funcionavam como defesa para um ego fragilizado pela ansiedade extrema da espera por um objeto bom que está ausente. Objeto gratificador presente, ansiedade depressiva diminuida pela "não-necessidade" de se defender da falta.
Espero ter ajudado. Se ainda ficar algo confuso, me avise, que eu tento responder um pouco melhor, tudo bem?
Beijos.
Ótimo texto, Mah!!
ResponderExcluirNão tem nada confuso, dada a complexidade do tema. Eu que sou leiga, entendi perfeitamente. Deve ser um bom sinal, n?
Parabéns pelo texto e pela iniciativa do blog.
Bastante interessante!
Bjs,
Ci
Muito legais as postagens feitas até o momento, mas devo chamar a atenção para a necessidade de atualização. Cadê vocês? O blog é tão legal, publiquem mais pessoal!
ResponderExcluirOlá, gostaria de um auxílio sobre como interagir com uma pessoa que se protege com defesas maníacas, nos períodos de onipotência e desprezo como agir, persistir na tentativa de aproximação reafirmando o quão importante essa pessoa é ou recuar, enfim... me relaciono com um homem que sofre de depressão e ao ler sobre o tema identifico que ele utiliza as defesas maníacas, fico desestabilizada, não sei como proceder. MEU E-MAIL: deisi.santos.silva@hotmail.com
ResponderExcluirеxcellеnt points altogetheг, уou јust reсeived а еmblеm nеw reaԁeг.
ResponderExcluirWhat would уou suggеst in rеgaгds tо уour submіt that you just mаde a few dаys іn
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Bom seu texto, compartilharei
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