quarta-feira, julho 08, 2009

Quando se fala em psicanálise, é natural pensar em Freud. Sendo assim, acredito que seja interessante falar um pouco de Melanie Klein, já que meu primeiro texto faz referência a sua teoria.

Basicamente, Klein seguiu Freud. Acompanhou seus estudos, sua teoria. Freud considerava a análise algo para adultos. Já que nela entramos em contato com nossos conteúdos inconscientes e é necessário que se tenha uma estrutura psíquica formada para suportar estes conteúdos. A estrutura psíquica se forma na infância, principalmente na travessia das fases psicossexuais, e seus conflitos e características aparecem, com maior clareza, na vida adulta, quando a análise se faz necessária. Acontece que os conteúdos inconscientes aparecem na análise, são interpretados pelo analista e devolvidos ao analisando, mas cabe ao analista devolver a interpretação no momento oportuno, a fim de provocar uma reflexão ou caminhar para o objetivo da análise, qualquer que seja ele. O que tento dizer é que me parece não existir uma estrutura psíquica ideal, já que a interpretação dos conteúdos é feita [ou deve ser feita] com cuidado, gradativamente, respeitando os limites ainda existentes no analisando.

Outro argumento contrário à análise infantil, citado por Freud, é que as crianças não são passíveis de análise, porque não possuem linguagem desenvolvida. Impossibitando a associação livre, que é o principal instrumento utilizado nela. Melanie Klein, ao meu ver, faz sua maior separação dele aí, neste momento. Quando diz que as crianças podem, sim, ser analisadas. Elas não possuem a linguagem verbal desenvolvida, mas são detentoras de um outra forma de expressão que diz tanto de sua vida psíquica quando a linguagem verbal: o brincar. Campo explorado posteriormente por Winnicott. Klein afirma que o brincar da criança nos dá acesso, da mesma forma que a fala, aos conteúdos internos infantis. Pela brincadeira, a criança pode expressar ódio, medo, agressividade e qualquer outro sentimento que ela possua. Através da brincadeira, ela nos mostra seu mundo, a forma como ela vê o mundo. Obviamente o analista não vai fazer as interpretações à criança, mas aos pais dela, ou a quem por ela for responsável. Klein afirma, ainda, que a análise feita na infância, pode prevenir determinadas patologias, já que a estrutura psíquica está em formação. É muito mais fácil lidar com os conteúdos em formação, do que na vida adulta, onde o sofrimento já pode ter sido intenso.

Melanie Klein observa nas crianças a existência de ansiedades edípicas numa idade muito inferior à que Freud considerava. E é, basicamente, assim que Melanie Klein se "separa" de Freud. Quando isto ocorre, ela formula sua teoria, considerando a importância do primeiro ano de vida do bebê. Esmiuça o primeiro ano de vida da criança, traça conceitos como fantasia, inveja e outros bastante importantes, mas sua contribuição mais relevante, novamente ao meu ver, são suas teorias sobre posições. Posição esquizo-paranóide, de que tratei no texto anterior, e posição depressiva, de que falarei mais à frente.

Marina Feitosa

2 comentários:

  1. Lendo o texto me recordo das críticas que Klein sofreu, especialmente, por parte do Freud. Ela foi mesmo uma "guerreira".

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  2. Bom dia. Marina, vc tem alguma indicação de leitura para a neurose obsessiva em klein? O seu texto esta muito claro, otima leitura.

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