Boa noite amigos de
blog!
Depois
de muito tempo sem publicações, inicio algumas publicações que surgem de uma
necessidade eu diria “cotidiana” que foi se desenhando em conversas, principalmente
com uma amiga, que aqui vou chamar de Lita (e eu acho que ela vai gostar xD)
sobre a psicologia para não psicólogos. Sempre em conversas informais, fazemos
alguns desenhos verbais sobre diferentes epistemes
da psicologia (psicanálise, behaviorismo, psicologia analítica) através de
situações e dúvidas do cotidiano, de um modo que eu acredito ser bem mais
simples e inteligíveis do que das linguagens científicas e dos manuais de
psicologia.
Onde
quero chegar: Em uma série meio em prosa, meio em verso, meio literária sobre
as teorias psicológicas. Acho que isso tem muito a ver com a minha idéia
inicial quando criei esse blog: de divulgar a psicologia, principalmente para
não psicólogos, até por que já me é comum escutar das pessoas, “o que um
psicólogo faz? Como funciona? Que jeito é isso?”. Tentando responder de um
jeito mais simples essas dúvidas começo com um texto sobre psicanálise,
bastante “blogueiro”, para agradar gregos e freudianos.
Christopher
Rodrigues.
FREUDBOOK!
Dedicado a Cris, com carinho.
Estamos
vivendo a todo vapor a inovação tecnológica na casa da Lita. Depois da
instalação do modem wi-fi tudo ficou mais fácil: cada um agarra seu notebook, ficamos
pendurados no facebook e conversando sobre milhões de coisa ao mesmo tempo. É dinamismo
que não acaba mais! Nos falta um pouco de foco as vezes, confesso; as vezes
nossas conversas parecem mais associações
livres...
- Associação livre? – perguntou Lita
curiosa...
- Sim, a gente fala coisas
aparentemente sem conexão alguma as vezes. E vale aspas no “aparentemente” por
que nada é tão simples quanto parece, é como aquele jogo da TV, você diz deus
eu respondo coração, mãe – dinheiro, força – luz e por aí vai. Trata-se de uma
técnica criada pelo Freud desde o início da psicanálise com a intenção de
captar dados inconscientes do paciente através da associação posterior dessas
palavras com a história do paciente no processo de análise.
- É, parece aquelas entrevistas da
Xuxa... – indagação do namorado da Lita rindo da nossa conversa. – É parece o
programa da Xuxa... ¬¬’
Lita parecia cada vez mais
interessada:
- Mas como assim, dados do
inconsciente.... o inconsciente se manifesta...?!
- Bom vamos lá. Para o Freud o
psiquismo funciona num modelo de aparelho psíquico estruturado em id, ego e
superego. Basicamente, o id advém de nossas pulsões mais primitivas, mais “grosseiras”,
de algum modo simboliza nossos desejos mais profundos, estranhos e
irrealizáveis. É a vontade súbita de roubar a jóia cobiçada na vitrine, mas
afinal, por que não roubamos? Por que existe um poderoso vigilante nesse
aparelho, o superego, constantemente pronto a nos projetar culpas, ou melhor
dizendo, uma angústia neurótica. Nos é estranho cometer um crime, certo? Não só
isso, mas o superego é nosso eterno recalque, está sempre nos dizendo não – não
devo, não faço, não posso – enquanto o id insiste que devemos ir além, possuir,
realizar o desejo, transgredir... No meio dessa antítese sobrevive bravamente o
ego, ou melhor dizendo o nosso eu, mediando as pulsões desses dois brigões,
trazendo-as para consciência as vezes, outras recalcando. O eu é a nossa
subjetividade, pois é o modo como se articula esse aparelho psíquico em cada um
de nós.
Freud
descreveu isso e percebeu que na análise existem “táticas” em que o superego
pode falhar na sua vigilância e o ego pode fazer passar algumas coisas para
consciência que não “deviam”. Isso emerge nas fantasias, sonhos e associações
livres do paciente. Nesse jogo de palavras, aparentemente simples, Freud
conseguia captar coisas sobre o analisando que ele não diria claramente,
articulado numa frase lógica. Por isso a vertente psicanalítica está muito associada
na arte a vertentes surrealistas, ao cinema no-sense,
pois essas correntes louvam esse funcionamento simbólico do inconsciente,
cabendo ao analista articular, compreender e analisar essas informações.
-
Os sonhos também são simbolizações inconscientes?
-
Sim Lita! – eu estava feliz pela nossa conversa – Em 1900, mesmo ano da
invenção do cinema, Freud publica “A interpretação dos sonhos”. O que cabe um
adendo: esse foi o título da publicação nos Estados Unidos, a mesma publicação
que deu origem a tradução para o português. Considera-se que em alemão o título
usado por Freud, Die Traumdeutung, estaria mais próximo de uma “significação”
dos sonhos, o que particularmente faz mais sentido, já que Freud não propõe um “manual”
de interpretar sonhos, mas sim “pistas” na teoria psicanalítica para
compreender a importância dos sonhos na psicanálise. O psicanalista Bruno Bettelheim
comenta um pouco isso no livro “Freud e a alma humana”.
Bom,
o que é importante é que os sonhos são “versões” de conteúdos do inconsciente
na teoria psicanalítica. O que quero dizer: As vezes para um paciente é
demasiadamente insuportável a idéia de odiar a própria mãe, por exemplo, o ego
consciente não admitiria isso, contudo, esse contudo está aqui em nossa
suposição, presente no inconsciente. Então o paciente, em determinado tempo
passa a ter sonhos recorrentes em que bate em uma mulher, ou recusa uma mulher
ou sem querer atropela uma mulher, uma senhora algo assim... Através dos dados
que o analista já tem, partindo dessa hipótese esse sonho pode simbolizar essa
raiva da mãe no caso, recalcada no inconsciente. Usei a mãe, mas poderia ser
qualquer outro exemplo, é só um caso hipotético...
Lita
pensando:
-
Nossa, vou começar pensar melhor se eu estiver atropelando alguma mulher nos
meus sonhos... – Ela compreendeu, com devido bom-humor, enquanto abria uma foto
do Freud publicada no facebook – Sabe o que eu não entendo... O Freud não
sorria cara! Ele era muito mal-humorado! Nem um sorrisinho na foto...
-
Acho que ele tinha seus motivos viu... Freud tem uma história bem... amarga eu
diria! Vou explicar... – Fui interrompido pelo som da TV:
-
Galera, vamos ver outro episódio de FRINGE! Vai começar... – era o namorado da
Lita. Nossa conversa continuaria um outro dia, enquanto fomos para TV, assistir
um pouco o sonho dos outros.
adorei kkkkkkk
ResponderExcluirAaaahhhh *-*
ResponderExcluirPouco sabia sobre seu blog, agora vou seguir pra ficar por dentro e ir lendo devagar.
Adorei a conversa XD rs
Chrixx, amo você! sz
Muito bom, acho que nosso projeto será muito pertinente... Vamos psicologizar esse povo rsrsrs
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