O
primeiro ano de vida segundo (NEUMANN, 1980), deve ser considerado uma extensão
embrionária e a criança depende totalmente dos cuidados maternos tanto física
quanto psiquicamente. A mãe se constitui como um mundo inteiro. Isso é denominado,
relação-primal mãe-bebê ou fase urobórica. A partir de então a criança começa a
se desenvolver até entrar no reino da cultura que envolve os costumes e a
linguagem de seu grupo humano. Os passos dados em direção à cultura requer que
a criança em desenvolvimento consiga lidar com certas frustrações como
abandonar o seio materno e se arriscar cada vez mais para conseguir ser um ser
social, portanto, em um primeiro momento ela ainda é parte do grupo, vivencia
isso como uma identificação inconsciente ou participação mística.
Logo,
se relacionar com outra criança ou aprender a solidariedade vendo o outro como semelhante
é o passo fundamental para a entrada no mundo da cultura. Em todas as etapas do
processo de desenvolvimento psicológico haverá um conflito de ordem natural
sendo este inerente a condição humana. Porém, a questão para a maioria de nós
se situa em saber, quando um conflito psicológico atinge o nível onde pode ser
considerado uma patologia? Pois bem, muitos relacionamentos entre mãe e filho
não evoluem em nossa sociedade permanecendo em um vínculo mãe-bebê. Tal relação
quando se torna regressiva faz com que os cuidados da mãe enveredados a criança
sejam sentidos como um entrave sobrepondo outro instinto que foi recalcado.
Para
que a criança possa chegar a ser um indivíduo autônomo precisa (como em todas
as tribos indígenas) de um ritual de passagem, uma situação que deve marcar o
fim de uma etapa e o início de outra. Eric Neumann (1980) chamou essa nova
etapa de fase solar do ego marcando a entrada da criança no mundo masculino
onde para conseguir ser amado precisa buscar o próprio valor nas virtudes de
honra, coragem e caráter. Sem essa transição a criança fica situada em um reino
matriarcal terrível onde o vínculo materno já não produz influências positivas,
mas muito mais negativas onde a raiva e o protesto tomam conta do campo
vivencial da criança contra o social. Assim ocorre uma experiência de ligação
desligada com a mãe, o filho serve aos propósitos inconscientes dela
(compensando o amor de um homem), ela vive uma relação eu-isso com o filho e
este reproduz essa mesma relação com o mundo social podendo beirar a
psicopatia.
Antes
de a nossa criança conseguir manter uma relação saudável com o mundo social,
primeiro ela além de passar por um ritual de passagem para o arquétipo do
grande pai, deve ter condições de realizar essa transição. Para isso é preciso
que a mãe tenha tido uma boa relação com o pai ou esteja consciente do que
provoca algum problema. Assim como nos mitos e lendas onde Maria intercede pelo
filho junto ao Pai (Deus), também deve ser no plano vivencial. A Mãe deve ter
uma boa relação com seu Animus (masculino) no sentido de poder ser e passar
para a criança a positividade dos valores do herói. Valores como coragem,
determinação, disciplina, limites e aceitação dos seus fracassos. Para a criança sentir que pode fracassar,
deve sentir que também será acolhida quando isso ocorrer, mas ao mesmo tempo
deve sentir que se não caminhar com as próprias pernas sempre irá fracassar. Tal
desenvolvimento psicológico pode ser considerado como uma boa relação entre mãe
e filho. Neste plano lunar-feminino a idéia de que podemos buscar e desbravar
novos horizontes é possível já que sempre haverá um retorno a morada primeira.
Já na fase solar da consciência em que o pai entra trazendo seus valores
luminosos e racionais (onde também há o perigo de se perder em uma rigidez), a
criança não deve fracassar porque deseja conseguir provar seu valor diante do
pai. O amor de pai é esse, pelos valores
espirituais e ético-morais. Quanto maior o caráter do sujeito, ou seja, quanto
mais definido este for a suas escolhas e implicações com estas, mais amado
será. Só após vivenciar essas duas dimensões, lunar e solar, a criança estará
apta a lidar com a relação entre elas. Se alguma dessas experiências não tiverem
sido realizadas suficientemente as relações se tornam dependentes e
patológicas.
Portanto, o conflito patológico é aquele que suprime as forças do ego, dissolve o mesmo e impede que a criança consiga manter sua consciência e orientação intactas. O Ego deve viver sobre conflitos não sob conflitos. Quando isso ocorre significa que para que haja uma ligação satisfatória, deve ocorrer uma vivência de reatualização das partes opostas da personalidade, ser possível viver um pai ou mãe que possam dar o que realmente faltou (o psicólogo serve muito bem a isso). Se uma pessoa consegue se desvincular de outra vivenciando um luto temporário é possível dizer que esta, consegue lidar com suas ambivalências afetivas de forma saudável. Ou seja: “Ansiar pelo impossível (tendo) raiva desmedida, choro impotente, horror ante a perspectiva de solidão, suplicas lastimosas por compaixão e apoio...” (BOWLBY, 2006, p. 131.), sendo estes os sentimentos de uma perda. E também se desorganizar e se reorganizar novamente, conseguindo a vivência do luto tal qual uma boa constituição em seus relacionamentos, é necessário a todas as pessoas para que possam superar a perda. Não só na morte, mas no distanciamento de um ente querido tal vivencia deve ser possível e expressa significando que se uma pessoa consegue se desvincular de alguém, é porque há a possibilidade de um vínculo autêntico e maduro.
A relação familiar é uma das mais importanes existentes na vida do ser humano. Por mais moderno que a sociedade se identifique esta relação nunca vai sair de moda. Nada na vida pode substituir estas relações familiares saudáveis. Nenhum sucesso pode ofuscar a importância da família. Quando nasce uma criança também nasce um pai e uma mãe e se a associação entre eles não for saudável tudo começa a ser patológico. E o que vemos hoje em dia é que esta união está cada vez mais dificultada por se desenvolver atitudes de desunião... Quando valores de vida é considerado obsoleto o problema começa. É como um virus incubado que está esperando condições favoráveis para nascer... O exemplo é a chave para o sucesso!
ResponderExcluirAs causas da fobia social estão baseadas na construção de vida da pessoa, ...... Então eis aí uma boa definição do que acontece na fobia social?
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