quinta-feira, outubro 08, 2009

Com essa postagem pretendo entrar mais em contato com a área clínica, dentro do humanismo. Carl R. Rogers, em livro Tornar-se Pessoa, cita 3 condições necessárias para haver mudança em psicoterapia, são elas

Aceitação Positiva Incondicional: bom, vamos por partes. A palavra aceitação, que geralmente evoca um aspecto mais passivo ou mesmo conformista, para Rogers adquire um sentido que se liga ao aspecto de considerar e respeitar o outro, permitindo que o outro seja ele mesmo. Fala-se de um aspecto relacional da terapia, onde o terapeuta permite-se entrar em contato com o outro, de uma forma verdadeira, assim sendo, o cliente pode também caminhar para a sua aceitação. Aceitação positiva, pois deve-se levar em conta, que aquilo que fazemos é o que de melhor conseguimos fazer para nós mesmos. Mesmo em casos extremos, como o comportamento de auto-mutilação, aquilo é o que o outro pode fazer de melhor para si, não importando a estratégia, ou é esse comportamento destrutivo ou então o sujeito se desestrutura. Justamente por isso que a criatividade é um dos pilares o humanismo, pois é vista como uma maneira de se gerar novas opções de vida para as pessoas. A aceitação positiva incondicional nos remete à fenomenologia e ao conceito de redução fenomenológica, uma vez que o terapeuta deve tentar reduzir ao máximo seus juízos de valores para poder lidar com o outro, aceitando a partir da relação única que se estabelece entre terapeuta e cliente.

Compreensão Empática:
essa condição pode ser melhor esclarecida pela fala de Jacob Levi Moreno "E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus; E arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus; Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus." Cabe salientar que essa compreensão não se dá apenas no nível racional. O que Rogers propõe é conseguir se colocar no lugar do outro, por isso a importância já mencionada anteriormente, de haver uma suspensão do juízo de valores. O terapeuta tenta captar os sentimentos e compreensões que o cliente traz e deve comunicar-lhe acerca da compreensão que está tendo.

Congruência: essa última condição refere-se exclusivamente á figura do terapeuta. Quanto mais o terapeuta for ele mesmo na relação com o outro, maior a probabilidade de haver mudança em psicoterapia. O terapeuta deve pensar, agir e sentir em uma só direção, em harmonia. Rogers acredita que sejamos capazes de viver sem máscaras e jogos que marcam as relações sociais, por isso deve-se viver abertamente as relações que fluem naquele contexto.

Dentro de um visão humanística do ser humano, os conteúdos e técnicas do terapeuta são condições necessárias, mas não necessárias para se atingir algum resultado. Dado que o homem desenvolve-se ao entrar em contato com seus sentimentos, só assim pode-se adquirir algum sentido sobre aquilo que se pretende. Nessa visão a mudança terapêutica não é mais atribuída ao terapeuta, mas sim ao cliente, que é visto como capaz de obter a auto-realização, não havendo a necessidade de se criar uma diretividade que imponha algo que arbitrário ao cliente. Todo esse processo só vai ser eficaz se fizer sentido para ele, e não sendo pautado em reforçadores trazidos pala figura do terapeuta.
Dadas as condições em que uma pessoa possa ser ouvida e compreendida empaticamente, esta pode caminhar no sentido de se descobrir a si mesma, por mais obscuro que seja esse caminho, desenvolvendo uma consideração por sua pessoa que por fim permitiria a ele seguir por um caminho mais eficiente. O ponto principal dessa visão é o estabelecimento de que o cliente não é só um objeto, mas uma pessoa, um ser humano com quem o terapeuta se relaciona.

" No domínio clínico, desenvolvem-se complexas formulações de diagnóstico em que a pessoa é tratada como um objeto. No ensino e na administração, construímos todo tipo de métodos de avaliação e daí que, mais uma vez, a pessoa seja encarada como objeto. Desse modo, tenho a impressão de que evitamos vivenciar o interesse que existiria se reconhecêssemos que se trata de uma relação entre duas pessoas. É uma verdadeira meta que se atinge quando compreendemos que em certas relações, ou em determinados momentos dessas relações, podemos nos permitir, com segurança, mostrar interesse pelo outro e aceitar estar ligado a ele como uma pessoas por quem temos sentimentos positivos"
- Carl R. Rogers in Tornar-se Pessoa -

1 comentários:

  1. luuu!!!
    vc ta uma perfeira humanista!
    amei esse texto!
    me pergunto uma coisa
    o marcio MANDOU vc mandar o link para ele divulgar na revista! pq vc naum mandou? se mandou pq q naum tah! os comentarios de vcs estão muitooooooo ricos!!! divulguem maisss!!!!

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